10.8.11

'Estou aprendendo também...

Ela arriscava uns versos tímidos, sem rima ou rigor. Balançava a cadeira e deixava o vento fazer o resto. Sentia uma leveza, uma magia, um toque dos anjos.
Todas as noites, sentava no peitoril da janela e tentava imaginar quantas estrelas seriam necessárias para te conquistar, quantos daqueles versos atingiriam seu coração.

Ela arriscava uns dois ou três olhares discretos, sem deixar claro o verdadeiro amor. Passava na frente da porta vermelha com um ar desinteressado. Podia sentir o calor de sua incerteza, a intensidade de sua dúvida, a vontade de se apresentar.
Todas as tardes, andava nas ruas e tentava lembrar dos momentos que ainda não tinham sido vividos, dos caminhos que não foram trilhados, das palavras que não foram ditas.

Ela arriscava uns suspiros antes de acordar, sem entender porque eles ainda apareciam. Rabiscava o canto da folha como quem pede atenção. Ouvia a música ao longe, a voz chegando como um sussurro.
Todas as manhãs, falava para si mesma que uma nova oportunidade estava por vir e tentava se convencer da própria força.

3 comentários:

  1. Essa é a Naty... Sempre romântica e intensa.

    Esse não me fez pensar em nenhuma trilha sonora em especial, mas imaginei a encenação num bom teatro, com um elenco de primeira.

    Tá perdendo tempo publicando só aqui. Já te falei para procurar um autor de novelas.

    Beijão!

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  2. Muito humano... Acho que quem é de carne e sentimentos sempre se vê tendo que convencer a si mesmo da própra força.

    Muito intenso mesmo! =]

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  3. Anónimo14.8.11

    Pronto, mocinha!
    Dei as caras por aqui e ainda estou comentando, héin?! Note que para alguém de agenda cheia, esta visita é, no mínimo, singular, prestigiosa e antagônica. Kkkkkk...

    A intertextualidade com as imagens é sempre seu forte. A expressão do que você vive ou viveu se exprime em versos íntimos, loucos para gritar a realidade, contidos na privacidade de suas experiências. Introspectiva como Clarice Lispector.
    Parabéns!

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Sigo, leio e recomendo!